Lust for life

Leia sempre o texto Lust for life, que é nosso primeiro post, antes de participar.

sábado, maio 19, 2007

Inesquecíveis

Então..., inesperadamente, ela, no fim da noite, surrou no meu ouvido. "Você tem amigos adoráveis..."
"eu sei", respondi. "Por isso que eu os odeio. Quando criança queria ser um cosmonauta. Na adolescência queria partir... hoje, não que eles me impeçam, mas são a base do meu freio de mão. E eu os Amo por causa disso...não os odeio...rs"

Ela sussurra mas duas ou três palavras, vamos para cama. No dia seguinte ao café da manhã a boa lembrança e a certeza de uma cama eternamente vazia...

quarta-feira, maio 09, 2007

Salada de repolho

Teodoro, o bom moço. Olhos de ressaca, magro & amarelado, cabelo seboso ,mas bom moço. Ele odiava salada de repolho. Rita, regateira e distraída, o tipo de mulher que é dona de sair do riscado. O que ela gosta mesmo é de apanhar. levar na cara. Tomar no rabo. Teodoro na sala entediado. Andando de um lado pro outro com seu jeito todo torto. Esperando sabe-se lá o quê... Teodoro se esquecia .. o que eu vim mesmo fazer aqui ? Rita tomava banho e se penteava . Enchia o corpo de creme. Abria a janela do quarto. & ficava se olhando no espelho. Teodoro era idealista. Nunca estava de acordo com nada. Não acreditava em porra nenhuma, mas costumava disfarçar contando piadas que ninguém entendia. E apenas com profundo pesar e resignação deixava o tempo passar. Esperava...Teodoro não era de se apavorar , mas de vez em quando mordia os cotovelos. e saia correndo como aquele maluco do filme que ensinou o Elvis a dançar .Teodoro enfiou sua vida no Cu . leu uma porrada de livros mofados. Ouviu velvet undergound & ficou muito louco. Chapado como uma pedra Se ocupando com as bobagens do seu mundinho pessoal .Ele aparou as unhas e se deitou no sofá. Depois coçou a cabeça & coçou o saco. Os programas da TV eram todos chatos , pensou... E nesse tempo fumou muitos cigarros... Rita se armou de batom, vestiu seus penduricalhos e foi pra guerra . Saiu toda-toda desfilando no calçadão o vestido novo. Vagabundo na rua pagava sapo. A mina era boa de carcaça. Sabe aquelas que arrepiam o pelo do malandro ? Sabe aquelas que sabem que são gostosas e se empinam? Então, a Rita era daquelas... Teodoro esperava Rita. Rita estava meio assustada. Andava pensando na vida . Foi encontrar Teodoro, o moço esquisito que outrora arrancara-lhe o cabaço, com um aperto no peito, mas talvez fosse prisão de ventre e só cansaço de mais um dia. Teodoro, besta de tudo, escreveu poesias e comprou camisinhas. Rita estava cansada e queria mesmo era ir ao pagode. Desbaratinar, tomar umas cervejas e jogar conversa fora. Queria ,se encontrasse, um homem que a pegasse de jeito. Não que não achasse Teodoro engraçadinho e bacana. Mas sentia por ele um afeto... um sentimento de – esse cara ai... ele é tão esquisito coitado . Teodoro pressentia que iria se fuder de novo, mas investia na foda. Ele queria manter uma reputação que ele pensava que tinha . Ele vai dizer que a ama... talvez por que fosse romântico, talvez porque fosse um canastrão que diz isso pra todas que dão mole. Teodoro queria comer bem a desgraçada e dar o fora dali logo. Não era de andar a toa. Levava pinta de bom moço, apesar de ser viciado e não Ter onde cair morto, tinha a sua vida. Dava uma de que estava preocupado mas levava tudo no bico. Costumava dar certo. Menos com a Rita. Com a Rita não tinha conversa. Era tudo simples. Sem filosofia. Na seca. Ou é sim ou é não. É óbvio que o que levava Teodoro a sempre fazer papel de bom moço é que ele tinha uma tremenda cara de otário. E vice e versa. Rita era uma mulher a flor da pele. Ela queria se entregar inteira. Ela sentia isso. Mas não pra um cusão feito Teodoro. Teodoro era o típico vagabundo. Falava pra caralho sobre tudo. Mas não esquentava mesmo era com porra nenhuma. Estava afim de impressionar a todos. Puxar a sardinha pra sua brasa.. mas no fundo no fundo era um espertalhão que não ia dar em nada. Um bosta na vida. Depois de duas doses de conhaque isso se tornava evidente. Mas Rita.. quer viajar pelo mundo, quer respirar outros ares... quer ser feliz.. Teodoro sabe que ser feliz é saber se virar com a tristeza. Ele espera... ela chega. Não tem outro jeito, agora já foi, afinal fui eu quem chamou esse cara aqui. O que eu vou falar pra ele. Eu sinto algo por esse cara. Não quero magoa-lo. Mas eu não estou afim de dar hoje. o que eu posso fazer. Perdi o tesão... não sei.. ficar com esse cara de novo deitado na minha cama. Cagando no meu banheiro. Sei lá. Teodoro nem está tão animado, mas já que a situação chegara até ali. É Ferro na boneca! Tomamos umas cervejas. Acendemos um cigarrinho. E pronto. Na mão do palhaço. Mas... Depois de uma noite emblemática de bebedeira... Contando os corpos. Mortos e feridos. Só sobreviveram Rita e Teodoro pra contar a estória. E como Rita era analfabeta o resto do mundo vai Ter que acreditar que Teodoro se deu bem...

sexta-feira, maio 04, 2007

Eu você e todos nós!!!

O que difere uma arte qualquer de uma Obra de Arte e esta de uma Obra-Prima é, talvez, o choque que ela causou, ou causará, em sua época.(Definição, esta, vaga, até mesmo limitada, porém este post não quer julgar o que vem a ser a Arte de um modo geral ou 9a. Sinfonia? Digamos que este seja apenas um prólogo).
De certa forma a Arte sempre foi exposta aos leigos, com eu, sob um aspecto do que ela provoca em seu organismo. Como você se sente ao ver um Picasso. Um quadro, por mais valioso ou intrigante, ou à frente de seu tempo que ele possa vir a ser, nunca me incomodou tanto quanto um livro, ou um filme. Talvez a única coisa que provoque é o crescimento de minha inépcia para entender este tipo de Arte: a Cult; ballet, música clássica, artes plásticas e as "não plásticas". Porém como sentir algo que não se pode tocar? (digo em relação às artes plásticas, e desde já entendo ter postado aqui o meu grande equívoco deste post, mas vamos nos equivocar...)

Não tocamos num filme. Mas diversas vezes choramos ou gargalhamos, ou saímos impressionados de uma sala de cinema. Ou do sofá da sala. Hoje o cinema é considerado arte. Mas ele pode ser relacionado como Uma Obra de Arte? Tal qual um Picasso ou a 9ª Sinfonia? Não. É relacionado nas "grandes obras do Cinema, e ponto. Uma característica Neo-qualquer coisa, nouvelle vague, ou outro rótulo qualquer, mas não uma Peça de Arte. Talvez por que sua película seja facilmente copiável. Mas os discos também não o são?

O fato é que hoje deparei com uma verdadeira Obra-Prima, um filme fan-tás-tico. O que quero dizer é: até que ponto um filme pode nos tocar? Até que ponto nossas entranhas sentem-se incomodadas? Ou até que ponto nosso coração bate de uma forma completamente diferente que a usual, decidindo-se entre as lágrimas e o riso? O que sei é que quando isto ocorre, quando não sabemos mais se vomitamos, ou se saímos da sala de cinema decididos a beijar o grande amor de nossa vida, (mesmo que isto venha seguido de um estrondoso tapa e a cara de incógnita da pessoa amada) seguimos um impulso instigado pelo filme, mesmo sabendo que a vida é longa demais e que o Amor é apenas uma palavra, como tantas outras. Assim como sabemos que a vida pode ser tão curta quanto o trago de um cigarro, e que não há nada melhor do que uma boa noite de sono com alguém que você confia, mesmo que por um dia, mesmo que este venha a ser seu último dia...se isto ocorre, ao término do filme, estamos falando de Arte. E de uma Obra-Prima.

Talvez eu devesse olhar mais para os quadros ou para as Artes Plásticas de um modo geral, resmungar menos da vida, caminhar mais. Examinar mais cada passo dado, pois nos deparamos com a Arte todos os dias, mas não temos tempo, temos de comprar o pão, não podemos capturar o momento e trabalhá-lo...
Ou talvez tenhamos medo de expor nossa sensibilidade.