Lust for life

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

Copos cheios e conversas paralelas

O barulho dos copos, os brindes um atrás do outro, o calor das conversas paralelas iam me tomando num estado de extase impensado. Jamais havia pensado em estar ali, anquele momento, tudo acontece, às vezes de maneira estranha.
A mesa estava enorme, com pessoas interessantíssimas, com conversas que iam da filosofia À filmes de Stalone, Arnold o governador, e Van Dame- afinal de onde raios saiu aquela coisa? A noite estava apreciavel, a cerveja sempre gelada no copo, e a pinga mineiríssima e bom samba tocado por um grupo ilustreíssimamente desconhecido por todos, menos por nós. Eram nossos amigos de outras cachaças.

Já estava bem, bem para falar tudo enrolado, bem para tropeçar e não perder a postura na minha caminhada rumo ao banheiro, enfim, estávamos todos bem.

A banda começa a tocar "Samba do Grande Amor" e inexplicavelmente as conversas cessam, exceto por uma em particular no fundo da mesa que a horas me chamava a atenção e sem perceber César solta a bomab que da início a uma das discussões mais interessantes e engraçadas que já presenciei entre eles:
"Do ponto de vista teológico, o Amor em sua concepção extrema só existe mediante a algo que não existe. Como a freia que ama seu deus mesmo sem saber se ele é ou não bom de cama!"
Pronto. A mesma toda se volta para César com aquele ponto de interrogação seguido de um enorme, imenso ponto de exclamação.

"Mas há uma concepção muito errada nisto que acabas de dizer. O Amor em seu significado pleno diz à coisas belas, é a beleza e ponto, já a religião em todas as suas formas de existência é nada mais do que destruição. Desde seus primórdios" retruquei. "Opa, até que enfim uma boa conversa nesta mesa" disse Arnaldo, que irônicamente olhou pra mim já sabendo da resposta que daria. "Mas e os budistas, eles são pacíficos, jamais brigariam". "Ora à merda com os budistas, estamos falando do Amor", e olhei para César e Cinderela e os outros três da ponta ignorando o comentário.

No meio da mesa Rico começa a tecer um comentário à respeito do que para ele seria o Amor, belas frases, belos ornamentos na palavra, mas Rico era muito chato quando queria conversar qualquer coisa séria. Acreditava no Amor, na religião, e em Etes, mas foi muito gostoso tê-lo ouvido falar, o que acalorou mais a discução. A ponto de cada qual na mesa dar sua pitada sobre o tema. "No que me diz respeito eu acredito e sempre acreditei no Amor por isso que hoje tenho o meu aqui", diz Mira, namorada, parceira eterna, grande ou situacional amor da vida de Arnaldo. Este olha pra mim com seu 'air blaze', toma um gole de sua Anízio Santiago e olhanddo nos meus olhos diz "Você é mulher. Seus comentários não contam". E devolve o copo À mesa e vira-se para a direita e dá-lhe um acalorado e amoroso beijo.

"Amor é gentileza, cuidar um do outro, envelhecimento junto, divisão de rugas podemos até viver um romance eterno sem Amor, mas eu quero ter o Amor de um homem para viver", olhando em minha cara, como se tivesse falando pra mim, "ah... Luiza eu sou teu homem"... (imediatamente percebi que havia falado isso em voz alta) "Então é traição. Queres me trair com esta moça", me salva arnaldo. Olhando para ele já logo retruco"Tu quem me traístes primeiro com esta gentil dama.Não valhes o chão que pisa, ainda assim não sei como te Amo".
"Mas o que é o Amor para você, Rapha?" Ela pergunta pra mim. Ela..."Não existe. E se existe há que nascer morto, pois que não pode existir. Um exemplo clássico é Shakespeare. O Amor em Romeu e Julieta, nascido pronto, o que chamamos de alma gêmea, nasce morto, é isso que ele quer nos dizer. Oras eles se amavam mais do que qualquer outro romance na literatura, deixando de lado os entremeios do romance e focando no sentido bruto do Amor, este não lapidado, tudo bem podemos dizer que eram crianças, e eram, mas o fato marcante é que para que o Amor vingasse era necessário a morte como caminho único, sendo esta originada por meio do suicídio, o ato desesperado de não-amor contra si próprio. E no entando o suicídio origina-se para o bem do consumo do Amor, para a comunhão das duas almas; uma coisa interessante é que o Romeu e Julieta da bíblia é mortal também, porém com um cuidado em fazer deste um sentimento proibido, pois que a bela Eva, apenas se apresenta com proliferadora do pecado original. Como amar sem sexo? Ora consultem a blíblia meus amores e saberão".

"Você ama, meu amigo. Você ama. Você diz não acreditar no Amor, mas desta mesa tu és o único que Ama. Conheço teus amores os ilusórios e os perdidos. O que o faz virar-se toda a noite em sua cama à procura de um sonho com Ela. Teu Amor não-conquistado, que está aqui na mesa agora te olhando". Minha sorte é que a mesa inteira estava nos olhando, mas se tivesse realmente reparado no que ele havia me dito saberia que ela hoje já era minha, mas não, não reaprei nas entrelinhas... Arnaldo era incrível. Dotado de uma inteligência inigualável, o tipo de pessoa que se pode ao morrer dizer 'amém' apenas pelo fato de poder ter divido algumas horas em sua compania. Deverás ele me conhecia muito bem, o estranho é como nos conhecemos e como em tão curto espaço de tempo nos tornamos amigos, escrevemos uma peça juntos sobre sexo e trepadas, para uma amiga dele que depois veio a ser chamada de Cinderela justamente em razão desta peça-uma peça cujo título nunca colocamos.

"Ah...então o Rapha foi desmascarado, fala que és teu amor na mesa?" pergunta Cinderela.
"És tu minha Cinderela". Nesta, a mesa se mija de rir. Colocamos este apelido pelo dela ter feito teatro durante 15 anos, até estreiar uma peça para crianças, Cinderela. Na estréia estavam, de nós, apenas Eu e Arnaldo, na época Cinderela era meu relacionamento físico, e eu o dela. O fato foi que depois de estar em cartaz bons meses um dia fomos quase todos que na mesa estão agora. Ela sabia e ficou, sem saber, nervosíssima resultando num acontecimento supreendente. Em sua principal frase, ela apagou. Apagou por uns 10 segundos, muito para uma peça, e, segundo ela, a única coisa de que se lembrou foi da peça que eu e Arnaldo fizemos juntos. E justamente foi o monólogo orgasmático que elaboramos para ela. Me lembro que as mães que tinham levado seus filhos ao perceberem que se tratava de sexo bruto o que saia da boca daquela deliciosa- para eles ingênua- Cinderela. E foi uma porrada de mães tapando o ouvido de seus filhos, dizendo para não escutar; os moleques, claro se deliciando com as pornografias que saia daquela boca. Russo que estava com sua sobrinha só falava, "escuta minha sobrinha isso é puro Amor e poesia".

Foda foi que ela encarnou a personagem, tirou a roupa e falou a última frase "Venha meu amor, quero teu pau no meu rabo, quero engulir tua porra, venha me estupra, me xingue, sangre meus seios e beba meu leite. Vem que te quero agora, vem, seu puto de merda..." Bom, depois deste dia ela foi ser caixa de banco e esqueceu do teatro.

São 5h da manhã o dono do bar estava muito cansado e precisava dormir. Fomos embora, uns cantando o Amor, outros recitando poesias para que acordar o mundo. Nos olhamos por raros segundos, ela estava de partida, iria estudar no exterior, não tinha planos para volta. Sabíamos o que sentíamos um pelo outro, mas era-nos impossível. Demo-nos um forte abraço de despedida- poderia ter ficado o fim da minha vida naquele abraço- ela me deu um carinhoso beijo no rosto e no meu ouvido disse-me gostosas besteiras de saudades. Arnaldo veio junto nos abraçou, "Ah...minha cara Luiza, minha única amiga que jamais trepei, por que vais embora? Sabes que deixará este meu amigo em prantos por longos anos. Vá mas volte. Vocês são um, mas ainda não tiveram a coragem para descobrir isso, agora sai Rapha que eu preciso levá-la para casa para uma 'festinha' de despedida, melhor vamos todos pra casa, é domingo mesmo, e nada melhor do que estar ébria ao entrar no avião". e gritou: " Meus caros Amigos, a grande saideira e despedida de nossa tão adorável amiga Luiza será feita agora em casa, sem reclamações", olhando para Russo", "não aceito não como resposta. Vamos todos pra Casa, temos cerveja e pinga.Música e poesia, a Cinderela hoje voltará aos palcos encenado nossa peça" abrançando-me.

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