Lust for life

Leia sempre o texto Lust for life, que é nosso primeiro post, antes de participar.

quarta-feira, março 21, 2007

Não se trata de uma fábaula, mas sim de uma síndrome.

Parece que a síndrome da cigarra e da formiga faz-se presente.

Sempre achei que esta fosse uma fábula engraçada que, no fim das contas, tudo acaba bem. Afinal, embora a formiga fosse a trabalhadora, a cigarra é quem era a cantora. A cigarra aqueceria o lar de todos com sua voz sibilante capaz de ser ouvida a kms de distância. Sim, ela é sem dúvida a maior das cantoras de Jazz, do mundo invertebrado... porém, formigas não gostam de Jazz. E, se, por algum motivo, ela entrou na casa das formigas para entretê-las , foi, de fato, por pura antropofagia. (ora, não vou entrar no nome técnico dado a antropofagia de insetos)

Agora que chegamos nos vinte e poucos anos para os trinta, temos a certeza de que economizar faz-se necessário para que não passemos invernos demasiado frios.

Mas como farei isso se a cerveja me chama, nos fins de semana? Como? Se todas as formas de investimento que são explicadas nas revistas, programas televisivos e demais meios de comunicação, são feitos exclusivamente para pessoas com salários fixos? E Bons...?

Não há como não pensar que, nesta merda toda, sou a porra da cigarra. Mas desafinada, sem voz de Jazzista, sem o menor conhecimento instrumental, sem o menor potencial de aquecer-me no imenso inverno dos 60 , 70, 80... que para mim trata-se da melhor safra do bom e velho Rock'n'Roll!!! E não de uma idade próxima...

Não, para mim não dá. Ficarei tão congelado quanto Jack Nicholson em 'O Ilumimado'. Não por não ter onde investir, ou não ter o que investir. Mas por não ter a resposta do 'por que investir?!'. Futuro? não me interessa. Não a mim. Mesmo este sendo um futuro de riquesas, de grana brotando da carteira...não. Não, não!!!

Se sou uma cigarra que não soube cantar durante todo verão de sua vida. Que cantou solos para platéias inexistentes. Uma cigarra, que não teve banda, que não teve audiência, que teve apenas, como fundamental companheira, a boêmia; e nela cantorias arrasadas por enormes desafinamentos, em mesas de bar com outros tantos boêmios, outras tantas cigarras, mais ou menos, desafinadas e formigas de folga, ou não... Como sobreviver ao último inverno?

Não sobreviverei...

Ao chegar este dia, aquecerei minhas cordas vocais com vinho, ópio, poesia e nicotina... E, assim que surgirem os orvalhos da primeira madrugada de inverno, rouco, farei meu último solo, numa melodia melancólica, angustiante e não menos inebriante... como um bom Jazz cantado num fim de tarde de Outono, à margem do Mississipi...

2 Comments:

  • At 11:56 AM, Blogger Lorena Bobbit said…

    Somos obrigados a fazer tudo, msmo sem querer.

     
  • At 11:04 PM, Anonymous Anônimo said…

    o importante é cantar! desafinando ou não. A mãe-boemia agradece!!!

     

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