Lust for life

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Dias de chuva, dias de ventos, mas nunca dias perfeitos.

Ela estava perdida. Não sabia mais onde ir ou que carona pedir.Não tinha dinheiro para um táxi, e o ônibus estava não chegava.
Cansada, sob o forte sol meio-dia, sua boca secara.Resolveu andar seguir sem rumo; o ônibus não passaria mais e, se passasse provável sua lotação, ver se encontrava uma bica, ou até mesmo um alambique. Andava.

Mal se deu conta de que chegará a um lugar conhecido, lugar em que jamais havia ido, porém, tal era sua angustia, suas uma ilusões que insistiam em rodear sua ida, suas seqüências de 'nãos' inesgotáveis, que viu-se relaxada, em paz como se tivesse acabado de gozar e só queria apreciar aquele momento, aquela chegada.

De fato não sabia onde estava, mas algo naquele vilarejo lhe pertencia. Como se já estivesse ido àquela cidade com seus três anos e hoje esta vaga lembrança lhe consumia por dentro. Caminhava agora de braços abertos, recebendo o vento, percebendo-o deflorar cada minúscula epiderme de seu corpo que encontrava-se nu. Sentia-o massagear seu rosto, seus braços, sua coxa. A parte decotada de sua blusa, já o sentia em seus seios. O que lhe agradaria agora era uma gostosa chuva de verão. Uma para lavar a alma e esquecer da vivência, apenas a chuva. Aquelas gostas estranhas, que caem de repente de um Céu tão Escuro e tormentoso. (Esta sempre foi uma de suas indagações quando criança: "Como de um lugar tão feio e triste, que é o céu a princípios de chuva, pode trazer algo tão gostos,e depois vês os arco-íris? O mundo é um lugar estranho...).

Começou seu vento ficar mais forte, mais furioso. Deve ele ter lido seu pensamento e por isso o ciúme se floresceu? Ela já não conseguia se equilibrar com o vento, sentiu ela própria que havia sido descoberta - o que ela poderia fazer? Amava a chuva. Gostava de banhar-se -, e que provavelmente o vento choraria pela traição. Mas o vento é volúvel, sempre encontra outras paixões para agradar nas tardes de verão. As lágrimas do vento começaram a cair, e caíram todas em seu corpo, todas as gotas desta lágrima molhavam apenas os lugares em que ela andava, as calçadas que ela pisava, as ruas que ela atravessava. Não havia ninguém na rua, ou todos estavam em casa, ou todos estavam de férias.

Banhou-se, na expressão mais ordinária: "Como o diabo gosta..." e ela esta toda, toda para ele. Estava carne. Estava Sensual. Estava com sede de freia que acaba de descobrir que Deus não existe, e que o diabo é um Deus que não precisa de remédios. Estava à se entregar, para qualquer um. Estava oferecida, oferecia-se ao pedinte da esquina -única pessoa que estava na rua-, oferecia-se eternamente à Chuva, ao Vento, Sol, Noite, ao primeiro membro duro que encontra-se. (O pedinte era velho, não, ele dificilmente teria um membro rígido).
A chuva foi lentamente passando, e à chegada do Sol, sua volúpia decrescia. Aos poucos caminhava em direção à sua sanidade. Aos poucos foi lhe dando uma sede...Precisava de água, mas já havia tomado na chuva. Queria cerveja, mas estava sem um puto. Olhou para uma casa, os números não lhe eram estranhos. resolveu bater. Talvez esta tenha sido de todas a pior escolha que ela fez em sua vida até então.

"Oi mãe, você veio para o Café? Logo papai estará em casa, hoje é aniversário de casamento de vocês...Vocês irão jantar fora?"

Um flash e todas suas lembranças lhe vieram à tona,sobrecarregando seu cérebro... nem um movimento ela conseguia fazer, nenhuma palavra ela conseguia pronunciar. Olhou para a filha, desculpou-se por haver esquecido a data e, de súbito, desmaiou...

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